terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Convite: O Inominável - Seminário Aberto e Gratuito (e muito bom)




Seminário que resulta dos trabalhos finais da disciplina "Os inomináveis - Utopia, Arte e Psicanálise ministrada pelo professor e psicanalista Edson Sousa no PPG Psico Social da UFRGS, neste semestre. No seminário participa boa parte do grupo de pesquisa do LAPPAP - Laboratório de Pesquisa em Artes e Psicanálise, do qual faço parte, e também outros colegas. Logo, são trabalhos super interessantes e de grande qualidade. Convido a todos que tiverem interesse em participar dele.

A PROGRAMAÇÃO COMPLETA PODE SER VISUALIZADA NO SITE DA UFRGS:
http://www.ufrgs.br/ufrgs/noticias/arquivos/programacao-seminario-o-inominavel-utopia-arte-e-psicanalise

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Amores Imaginários

Está em cartaz em Porto Alegre outro filme dirigido e contracenado por Xavier Dolan.
Mesmo diretor/ator do imperdível "Matei minha mãe". Não assisti ainda, mas vou assim que as aulas, provas, trabalhos e artigos acabarem... Pelo que assisti pedacinhos no youtube (e me identifiquei, lógico) é para os apaixonados e suas adoráveis e sofridas invenções.

19:30 Amores Imaginários (Dir. Xavier Dolan / Canadá / Romance / 96 min.)
Francis (Xavier Dolan) e Marie (Monia Chokri) são amigos inseparáveis. Suas vidas mudam quando conhecem Nicolas (Niels Schneider), um charmoso rapaz do interior que acaba de se mudar para Montreal. Um encontro se sucede ao outro e os três logo se tornam um grupo inseparável. Mas Francis e Marie, ambos apaixonados por Nicolas, desenvolvem fantasias obsessivas em torno de seu objeto de desejo comum. À medida que atravessam as típicas fases da paixão, embarcam numa verdadeira disputa pela atenção do rapaz, comprometendo sua antiga amizade./ Classificação: 12 anos


(Em cartaz no Instituto NT - http://institutont.blogspot.com/)

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

H H Da dispersão à suspensão

Gostaria de informar que a minha dissertação H H Da dispersão à suspensão finalmente está disponível na biblioteca do Instituto de Psicologia da Ufrgs.

Devido ao seu formato de folhas soltas, deixei duas cópias, uma delas pode ser retirada normalmente e a outra ficará somente como consulta local.

Estará disponível também versão on-line nos próximos dias, também no catálogo da biblioteca no endereço: http://www.sabi.ufrgs.br/

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

pequena coleção de traços

Roubar um traço ou incorporar um traço. Fechar os olhos e abrir os olhos. Dançar de olhos fechados. Andar de olhos abertos. Trocar as vírgulas dos lugares, pintar os olhos. Andar pela tarde, pela rua, pela noite. Sentar num café e deixar chegar uma espera que espera algo de você. Sentar num café e deixar a tarde levar você, enquanto o cansaço recosta no corpo. Bonito o gozo da atriz alemã no guidão da motocicleta na tv cultura de são paulo agora pouco(1) , meio minuto atrás. Guardiã da morte dos porcos aprende a morte? (a atriz alemã?) Tremer o corpo às dez horas da noite e trinta e três minutos. Escutar uma música pela primeira vez. Escutar a vida pela primeira vez. Inventar vidas roubadas numa tarde de café. (1)24 de agosto, 22:15) NO PROGRAMA DA MOSTRA INTERNACIONAL DE CINEMA NA TV CULTURA - “A Alegria de Emma” (Emmas Glück, Alemanha, 2006, 99’) dir. de Sven Taddicken


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Torturador

Sérgio Fernando Paranhos Fleury (Niterói, 19 de maio de 1933 — Ilhabela, 1 de maio de 1979) foi um policial que atuou como delegado do DOPS de São Paulo, durante a ditadura militar no Brasil. Ficou notoriamente conhecido por sua pertinácia ao perseguir os opositores do regime [1].

Vários depoimentos, testemunhas e relatos de presos políticos, apontam que ele usava sistematicamente a tortura [2] durante os interrogatórios que comandava na época do regime militar brasileiro. Segundo se comenta, alguns dos militantes que eram capturados pelo delegado Fleury não resistiram a essas torturas e acabaram morrendo, como no caso de Eduardo Collen Leite (guerrilheiro de renome), que foi torturado por cerca de quatro meses [3] .

O delegado Sérgio Fleury foi o principal responsável pela tentativa de captura e morte de Carlos Marighella - ícone da esquerda revolucionária, que resistiu à prisão[4], pela Chacina da Lapa e por mais uma série de casos envolvendo combate e morte de opositores do regime.[5]

Ele foi responsável pela captura e aprisionamento de alguns dos principais militantes de esquerda da luta armada da época.
(fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9rgio_Fleury)

Uma foto está disponível no mesmo lugar de onde foi retirado este texto: wikipédia. Acabei de ler o nome do torturador na coluna: VLADIMIR SAFATLE - Insultos à memória
no blog Conteúdo livre
(http://sergyovitro.blogspot.com/2011/05/vladimir-safatle-insultos-memoria.html) e numa espécie de contaminação e multiplicação, por em cena que "os crimes do passado continuarão a destruir a substância normativa do presente, a servir de ameaça surda à nossa democracia." Fundamental o pequeno texto do Safatle.

No site do Ministério da Justiça publicado 01/09/2011 notícias sobre Anistia (ali tb vale a pena ler - http://portal.mj.gov.br/data/Pages/MJ7CBDB5BEITEMIDD7C44B42E4064F19AD515C5AC53886F5PTBRIE.htm.)
notifica entre outras coisas que

"Dados oficiais revelam que no Brasil ocorreram 475 mortes e desaparecimentos durante o período da ditadura, 20 mil presos e torturados e 35 mil perseguidos políticos no país."

domingo, 28 de agosto de 2011

Minha nova paixão se chama: Philip Glass;
algo de obcessivo e repetitivo no piano, mas tão bom.
Tão bom.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Film Socialisme - Godard

29/08/2011
Filme Socialismo »
Film Socialisme
Suíça, França - 2010
Duração: 101min
Entrada franca

29/08/2011 - 16:00 •
31/08/2011 - 16:00

Local: Sala Redenção - Cinema Universitário

Mostra Jean-Luc Godard
http://www.difusaocultural.ufrgs.br/programacao_

(imperdível, difícil, fratura, restos)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Hoje, amanhã e depois

Passei a tarde de hoje ouvindo depoimentos de ex-perseguidos políticos da ditadura brasileira, na 50ª Caravana da Anistia que está acontecendo em Porto Alegre hoje e amanhã no salão nobre da Faculdade de Direito da UFRGS. Amanhã haverá sessão especial de julgamento de processos de anistia a ex-perseguidos políticos gaúchos, aberto ao público.

Fica em mim uma necessidade visceral de dizer (...) Por onde se começa?

A Lei da Anistia (6.683 de 28 de agosto de 1978) foi uma conquista, e depois dela 4.000 foram anistiados. A Lei da Anistia NUNCA anistiou os torturadores. Mas um acordo nunca discutido com a sociedade brasileira o fez.

A luta atual pela anistia é a mesma desde antes de ter sido criada (1974)quando os familiares dos desaparecidos começam a tentar encontrá-los, nos conta Suzana Lisboa que os representou durante 10 anos:

"ONDE ESTÃO NOSSOS FAMILIARES?

COMO MORRERAM?

QUEM OS MATOU?

ONDE ESTÃO ENTERRADOS?"

Ao todo, são 144 desaparecidos. O número aumenta para 160 contando os que não deram queixa. As respostas dadas pelos militares eram: suicídio, acidente de carro. Até agora, apenas 4 corpos localizados numa vala comum do cemitério de Pirus em SP.

A luta pela Anistia também quer a Comissão da Verdade:

QUEM SÃO OS TORTURADORES? QUEM SÃO OS TORTURADORES?

Os presos ficam sob tutela do Estado. Não é permitido ao Estado matar, torturar e desaparecer com eles. O ESTADO DEVE PEDIR PERDÃO às suas vítimas. Os torturadores tem que ser anunciados e punidos.

Em reportagem do jornal zero hora de 3 anos atrás, um dado assustador:
82% dos jovens acima de 16 anos nunca tinham ouvido falar do AI5.

Uma nação que não conhece a sua história pode tê-la repetida, a nossa constituição de 1988 prevê nela o Estado de Exceção.

OS ARQUIVOS MILITARES AINDA NÃO FORAM ABERTOS. Porque os militares insistem que estes relatórios não existem?

ENQUANTO O ESTADO NÃO PUNIR OS TORTURADOS E NÃO PEDIR PERDÃO A TODAS AS SUAS VÍTIMAS, PERPETUAREMOS UMA HISTÓRIA DE IMPUNIDADE, UMA NAÇÃO SEM MEMÓRIA, SEM FUTURO DIGNO.

O que não mudou no governo brasileiro?

O espírito militar ainda não mudou;
Porque se tortura ainda no Brasil?
Porque ainda hoje existem desaparecidos nas delegacias?
Porque o militar que participou do Atentado do Riocentro (30 de abril de 1981) está dando aula numa instituição de ensino? Como o Médici foi homenageado por uma turma de formandos da Academia Militar de Agulhas Negras em 2010? Médici que mandou cortar cabeças no Araguaia? Que tipo de transmissão está a serviço da história do presente no Brasil?

O ESTADO BRASILEIRO AINDA ESTÁ EM DÍVIDA COM A MEMÓRIA E O PRESENTE.

A Dilma foi a primeira presidente a impedir os militares de comemorar o dia 31 de março, data que em 1964 o golpe militar foi posto em prática.

Alguns recortes da tarde de hoje, e um convite a todos a participarem dos julgamentos amanhã, a partir das 10h, no prédio da Faculdade de Direito da UFRGS.
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domingo, 14 de agosto de 2011

SOBREPOSIÇÃO


SardElas eram pequeninas e moravam todas juntas debaixo de um arco-íris. Era preciso olhar atento para percebê-las. Quando as vi pela primeira vez elas sorriram um pouco tímidas, e depois uma a uma me fizeram cócegas. Elas também gostavam de música, tanto, que enfeitaram o inverno com cores que não lhe pareciam próprio. SardElas eram preciosas e raras e padeciam apenas de pouca duração.
Sofri pela beleza que elas guardavam, no seu tempo em negativo, que imprimiram depois, quando me lembrava delas.
SardElas se deram as mãos para partirem todas juntas. Não gostavam de despedidas, então fizeram de conta que estavam embarcando num navio, depois de um único beijo. Quando olhei para vê-las por uma última vez elas já não estavam mais lá.


Do silêncio III
Fecha os olhos: ainda (ela) está lá, por baixo do branco, as sardas. Foram elas. Foram delas. Elas sabiam mudas, adormecidas.


p.s: pequena contaminação do livro “As mãos” do poeta, e crítico literário Manoel Ricardo de Lima: “...formavam lentas uma harmonia de cores que não via, mas sabia, firme, estava ali, nEla, nas palavras dEla, ditas pra mim.”(2003, Rio de Janeiro: 7Letras, p.36)

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Ontem um anjo beijou o futuro. Não disse nome, mas flores.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

5 minutos antes do show do arnaldo, ela falou, vamos brincar de I Ching do Manoel de Barros? (tinha saído da livraria com a poesia completa!) Faz aí dea uma pergunta! Ah não, perguntar o quê? Aquilo que você quer saber!!! mordendo os lábios mais a bita dizendo, concentra aí, fecha os olhos antes de abrir!
Fecho os olhos, não formulo nenhuma frase, algumas imagens,
então Manoel de Barros responde:

"E agora
que fazer
com esta manhã
desabrochada a
pássaros?"

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Lendo (e amando)

"uma autêntica revolução não visa apenas mudar o mundo, mas, antes, mudar a experiência do tempo."

"Para Agamben a poesia é esse movimento do olhar para trás operado no poema e, portanto, para o não-vivido no que é vivido, tal como a vida do contemporâneo."

"...um olhar não saudosista para o passado e mirar o futuro sem esperanças outras que não a própria capacidade de repensar o presente."

fragmentos do texto de abertura do livro - O que é o contemporâneo? e outros ensaios do filósofo italiano Giorgio Agamben .

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Qualquer palavra nesta madrugada parece
violar romper quebrar
a gravidade
Derrubar o intacto do sono.

Revolver o avesso de veludo do silêncio.

Sono nas pálpebras
o ponto de contato entre
a gota e a superfície
criam círculos na água.

Quando todo contato é tensão de superfície.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Do silêncio I

Linhas finas de silêncio sobre noites claras.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ele se apaixonou por uma imagem dela. Também isso é amor,
um engano.

terça-feira, 21 de junho de 2011

20.06.2011 4h41min a.m.

Atraídos por esse Nada,
para esse Nada.
Catapultados para este Nada.
Um nada sem enigma,
sem avesso, sem
sobrenome e sobretudo
Sem fronteira.
Nada deles.
Reticentes. Nada
nem
coisa pouca ou
miúda.
Um quase nada
Quase branco
Desmanchado
ando ou endo
zão zulhas Petriféricas
Oriundas.
Queixume Giz

Passar breu na ponta dos pés
para dançar sem cair?

Feet on the ground.
She says so.
weird names

Atravessando a carne,
devagar. Nmnmm
Nem Nada não
Estamos imersos ilhados
alheios
Em nada
não
nem.

Nadificados.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Equação: Leminski + ACC

sumir num(a) nau(frágil) clan des tino

sexta-feira, 10 de junho de 2011

(Meu amor)

A palavra é sempre a palavra.
O teu corpo quieto no escuro não cabe
na curva da escritura. Ainda que feito todo de palavras conhecidas e
desconhecidas de mim. E onde dormem, dentro do corpo e do teu sono, a distância irremediável da letra e do corpo, a distância medida ou desmedida entre eu e você.
Coberta de uma poeira de ausência, o pó da morte que te distrai nas letras, espécie de sorriso ambíguo, feito Monalisa obscura; Esse canto mortífero, onde te derramas meu amor. É tudo o que me levou até você. E tudo que me torna uma cratera, hecatombe, onde tudo não.
Onde a gravidade é gravidade.
E o meu amor se ofusca de nada.

terça-feira, 31 de maio de 2011

“O que resta da ditadura”

By admin– 01/04/2011
Posted in: Posts

(FONTE:http://www.outraspalavras.net/2011/04/01/o-que-resta-da-ditadura/)

Por Gilberto Costa, da Agência Brasil

Após a Segunda Guerra Mundial, os judeus sobreviventes revelaram que seus carrascos asseguravam que ninguém acreditaria no que havia ocorrido nos campos de concentração. A história, no entanto, não cumpriu o destino previsto pelos nazistas. Muitos foram condenados e o episódio marca a pior lembrança da humanidade.

Crimes cometidos em outros momentos de exceção também levaram violadores de direitos humanos a ser interrogados em comissões da verdade e punidos por tribunais, como na África do Sul, em Ruanda, na Argentina, no Uruguai e Paraguai.

Para filósofo Vladimir Safatle, professor da Universidade de São Paulo (USP), há um lugar que resiste à memória do horror e a fazer justiça às vítimas: o Brasil. Nenhum agente do Estado ditatorial (1964-1985), envolvido em crimes como sequestro, tortura, estupro e assassinato de dissidentes políticos, foi a julgamento e preso.

Acaba de ser lançado o livro O Que Resta da Ditadura (editora Boitempo), organizado por Safatle e Edson Teles. A obra tenta entender como a impunidade se forma e se alimenta no Brasil. Para Safatle, o Brasil continua uma democracia imperfeita por resistir a uma reavaliação do período da ditadura militar (1964-1985) e por manter uma relação complicada entre os Três Poderes.

Agência Brasil: O Brasil tem alguma dificuldade com o seu passado?

Vladimir Safatle: Existe um esforço de vários setores da sociedade em apagar a ditadura, quase como se ela não tivesse existido. Há leituras que tentam reduzir o período à vigência do AI-5 [Ato Institucional nº 5], de 1968 a 1979. E o resto seria uma espécie de democracia imperfeita, que não se poderia tecnicamente chamar de ditadura. Ou seja, existe mesmo no Brasil um esforço muito diferente de outros países da América Latina, que passaram por situações semelhantes, que era a confrontação com os crimes do passado. É a ideia de anular simplesmente o caráter criminoso de um certo passado da nossa história.

Há quem diga que o Brasil não teve de fato uma ditadura clássica depois de 1964, mas sim uma “ditabranda” se comparada à da Argentina e a do Uruguai, por exemplo.

Safatle: Essa leitura é do mais clássico cinismo. É inadmissível para qualquer pessoa que respeite um pouco a história nacional. Afirmar que uma ditadura se conta pela quantidade de mortes que consegue empilhar numa montanha é desconhecer de uma maneira fundamental o que significa uma ditadura para a vida nacional. A princípio, a quantidade de mortes no Brasil é muito menor do que na Argentina. Mas é preciso notar como a ditadura brasileira se perpetuou. O Brasil é o único país da América Latina onde os casos de tortura aumentaram após o regime militar. Tortura-se mais hoje do que durante aquele regime. Isso demostra uma perenidade dos hábitos herdados da ditadura militar, que é muito mais nociva do que a simples contagem de mortes.

Qual o reflexo disso?

Safatle: Significa um bloqueio fundamental do desenvolvimento social e político do país. Por outro lado, existe um dado relevante: a ditadura de certa maneira é uma exceção. Ela inaugurou um regime extremamente perverso que consiste em utilizar a aparência da legalidade para encobrir o mais claro arbítrio. Tudo era feito de forma a dar a aparência de legalidade. Quando o regime queria de fato assassinar alguém, suspender a lei, embaralhava a distinção entre estar dentro e fora da lei. Fazia isso sem o menor problema. Todos viviam sob um arbítrio implacável que minava e corroía completamente a ideia de legalidade. É um dos defeitos mais perversos e nocivos que uma ditadura pode ter. Isso, de uma maneira muito peculiar, continua.

Então, a semente da violência atual do aparato policial foi plantada na ditadura?

Safatle: Não é difícil fazer essa associação, pois nunca houve uma depuração da estrutura policial brasileira. É muito fácil encontrar delegados que tiveram participação ativa na ditadura militar, ainda em atividade. No estado de São Paulo, o ex-governador Geraldo Alckmin indicou um delegado que era alguém que fez parte do DOI-Codi [Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna]. Teve toda uma discussão, mas esse debate não serviu sequer para ele voltasse atrás na nomeação. Se você levar em conta esse tipo de perenidade dos próprios agentes que atuaram no processo repressivo, não é difícil entender por que as práticas não mudaram.

Estamos atrás de outros países, como Argentina e África do Sul, na investigação e julgamento de crimes cometidos pelo Estado?

Safatle: Estamos aquém de todos os países da América Latina. Nosso problema não é só não ter constituído uma comissão de verdade e justiça, mas é o de que ninguém do regime militar foi preso. Não há nenhum processo. O único processo aceito foi o da família Teles contra o coronel [Carlos Alberto Brilhante] Ustra, que foi uma declaração simplesmente de crime. Ninguém está pedindo um julgamento e sim uma declaração de que houve um crime. Legalmente, sequer existiram casos de tortura, já que não há nenhum processo legal. E levando em conta o fato de que o Brasil tinha assinado na mesma época tratados internacionais, condenando a tortura, nossa situação é uma aberração não só em relação à Argentina e à África do Sul, mas em relação ao Chile, ao Paraguai e ao Uruguai.

Que expectativa o senhor tem quanto ao funcionamento da Comissão Nacional da Verdade, prevista no Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH 3), para apurar crimes da ditadura?

Safatle: Uma atitude como essa é a mais louvável que poderia ter acontecido e merece ser defendida custe o que custar. O trabalho feito pelo ministro Paulo Vannuchi [secretário dos Direitos Humanos, da Presidência da República] e pela Comissão de Direitos Humanos é da mais alta relevância nacional. Acho que é muito difícil falar o que vai acontecer. A gente está entrando numa dimensão onde a memória nacional, a política atual e o destino do nosso futuro se entrelaçam. Existe uma frase no livro 1984, de George Orwell, que diz: “Quem controla o passado controla o futuro”. Mexer com esse tipo de coisa é algo que não diz respeito só à maneira que o dever de memória vai ser institucionalizado na vida nacional, mas à maneira com que o nosso futuro vai ser decidido.

Mas, antes mesmo da criação da Comissão da Verdade, os debates já estão muito acalorados.

O melhor que poderia acontecer é que se acirrassem de fato as posições e cada um dissesse muito claramente de que lado está. O país está dividido desde o início. Veja a questão da Lei da Anistia. O programa do governo [PNDH 3] em momento algum sugeriu uma forma de revisão ou suspensão da lei. O que ele sugeriu foi que se abrisse espaço para a discussão sobre a interpretação da letra da lei. Porque a anistia não vale para crimes de sequestro e atentados pessoais. A confusão que se criou demonstra muito claramente como a sociedade brasileira precisa de um debate dessa natureza, o mais rápido possível. Não dá para suportar que certos segmentos da sociedade chamem pessoas foram ligadas a esses tipos de atividades de “terroristas”. É sempre bom lembrar que no interior da noção liberal de democracia, desde John Locke [filósofo inglês do século 17], se aceita que o cidadão tem um direito a se contrapor de forma violenta contra um Estado ilegal. Alguns estados nos Estados Unidos também preveem essa situação.

O termo “terrorista” é usado por historiadores que não têm qualquer ligação com os militares e até mesmo por pessoas que participaram da luta armada. Usar a palavra é errado?

Safatle: Completamente. É inaceitável esse uso que visa a criminalizar profundamente esse tipo de atividade que aconteceu na época. A ditadura foi um estado ilegal que se impôs através da institucionalização de uma situação ilegal. Foi resultado de um golpe que suspendeu eleições, criou eleições de fachada com múltiplos casuísmos. Podemos contar as vezes que o Congresso Nacional foi fechado porque o Executivo não admitia certas leis. O fato de ter aparência de democracia porque tinham algumas eleições pontuais, marcadas por milhões de casuísmos, não significa nada. No Leste Europeu também existiam eleições que eram marcadas desta mesma maneira. Um Estado que entra numa posição ilegal não tem direito, em hipótese alguma, de criminalizar aqueles que lutam contra a ilegalidade. Por trás dessa discussão, existe a tentativa de desqualificar a distinção clara entre direito e Justiça. Em certas situações, as exigências de Justiça não encontram lugar nas estruturas do Direito tal como ele aparecia na ditadura militar. Agora, existem certos setores que tentam aproximar o que aconteceu no Brasil do que houve na mesma época na Europa, com os grupos armados na Itália e na Alemanha. As situações são totalmente diferentes porque nenhum desses países era um Estado ilegal. E não há casos no Brasil de atentado contra a população civil. Todos os alvos foram ligados ao governo.

Os assaltos a banco não seriam atentados às pessoas comuns que estavam nas agências?

Safatle: Todos os que participaram a atentados a bancos não foram contemplados pela Lei da Anistia e continuaram presos depois de 1979. Pagaram pelo crime. Isso não pode ser utilizado para bloquear a discussão. Dentro de um processo de legalidade, de maneira alguma o Estado pode tentar esconder aquilo que foi feito por cidadãos contra eles, como se fossem todos crimes ordinários. Se um assalto a banco é um crime ordinário, eu diria que a luta armada, a luta contra o aparato do Estado ilegal, não é. Isso faz parte da nossa noção liberal de democracia.

Que democracia é a nossa que tem dificuldades de olhar o passado?

Safatle: É uma democracia imperfeita ou, se quisermos, uma semidemocracia. O Brasil não pode ser considerado um país de democracia plena. Existe uma certa teoria política que consiste em pensar de maneira binária, como se existissem só duas categorias: ditadura ou democracia. É uma análise incorreta. Seria necessário acrescentar pelo menos uma terceira categoria: as democracias imperfeitas.

O que isso significa?

Safatle: Consiste em dizer basicamente o seguinte: não há uma situação totalitária de estrutura, mas há bloqueios no processo de aperfeiçoamento democrático, bloqueios brutais e muito visíveis. Existe uma versão relativamente difundida de que a Nova República é um período de consolidação da democracia brasileira. Diria que não é verdade. É um período muito evidente que demonstra como a democracia brasileira repete os seus impasses a todo momento. O primeiro presidente eleito recebeu um impeachment, o segundo subornou o Congresso para poder passar um emenda de reeleição e seu procurador-geral da República era conhecido por todos como “engavetador-geral”, que levou a uma série de casos de corrupção que nunca foram relativizados. O terceiro presidente eleito muito provavelmente continuou processos de negociação com o Legislativo mais ou menos nas mesmas bases. Chamar isso de consolidação da estrutura democrática nacional é um absurdo. Os poderes mantêm uma relação problemática, uma interferência do poder econômico privado nas decisões de governo. Um sistema de financiamento de campanhas eleitorais que todos sabem que é totalmente ilegal e é utilizado por todos os partidos sem exceção.

(FONTE:http://www.outraspalavras.net/2011/04/01/o-que-resta-da-ditadura/)

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Sobre apaixonamentos súbitos

Para Como o amor se tornou azul, ou talvez mais tarde. Tons de azul, variações brancas e pequenas cintilâncias. Imaginar que caberia na tarde do fim do outono a espera. Para a voz onde cabem pequenos ruídos e agudas. Mas os meus olhos não são verdes, são quase. Inventar as ruas e a cadência, o gesto que cabe no pedacinho do sorriso que não foi dado para mim, mas me lembra uma vez quando ele me sorriu. Para as palavras que outros escreveram sobre não o corpo branco, mas numa certa transparência que queria opacidade. Para pequenos gemidos da voz, para quem quisesse aprender não a voar, mas a cair. Canção pra não voltar

Je t'aime

pequena homenagem com vêemente admiração ao ator, músico, compositor Leo Fressato, http://sobreofuturo.blogspot.com/

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Lançamento Livro


Gostaria de compartilhar com todos meus amigos o lançamento deste livro, onde tem um artigo meu, e estou muito feliz por estar ao lado de psicanalistas e artistas que eu tanto admiro!

Sem falar na palestra que acompanha o lançamento com o filósofo Vladimir Safatle, lá em São Paulo nesta quarta-feira;

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Dois ou o estudo da espiral

Nenhuma saudade. Fatos, um jornal largado em cima da mesa de centro. Nenhuma, a cestinha com conchas em cima da mesa de centro. Ir para lá, ou onde. Nenhuma. Por caminhar mais tarde sobre a calçada, dia úmido, nenhuma chuva, o ar cheio d’água. Nenhuma, um, ou nada. Perder porque se quer, estar perdido. Por precisar se perder de vez em quando, na calçada, esquecer que se esqueceu. Andar, ainda, jornal velho, nada, nenhum centro, uns ou nenhuns. Outra. Se esqueceu de esquecer. Nada. Ir ou onde. Fatos, cheios de ar, d’água, ir. Outra, largado o centro, nada. Estar sobre a calçada, ou perdido. Uma mesa de centro, conchas e uma cestinha, outra, esqueceu, outra. Nenhuma.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Umedecendo desse tudo que eu não posso tocar.

Tucamaré. [Do tupi tukuna'ré.] S.m 1. Bras. Peixe teleósteo, percomorfo, da família dos ciclídeos (Cichla ocellaris Schn), da Amaz, de coloração prateada, carregada de pigmento cor de sépia no dorso, com três barras transversais eqüidistantes sobre os flancos, nadadeira dorsal escura com manchas circulares amarelo-brancacentas, e ocelo negro marginado de amarelo na base da nadadeira caudal.

Uaru. [Do tupi wa'ru.] S.m.Bras., Amaz.Peixe teleósteo, percomorfo, da família dos ciclídeos (Uaru amphiacanthoides Heckel), da Amaz. [Sin.: uaruurá]

[Novo Dicionário Aurélio, Nova Fronteira:RJ, 1975]

sábado, 2 de abril de 2011

Deixe estar como se você soubesse. Assim é um apito que rompe
O ar e rasga sem querer algo da tarde.
Deixe estar em partida o leve, chegado
Sem nome assim
Como se você.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Seminário “Memória, verdade e justiça”

Entre hoje e sexta-feira, acontece o seminário “Memória, verdade e justiça: as marcas das ditaduras do Cone Sul”. A abertura será realizada às 18h30min, com um pocket show sobre as músicas censuradas pela ditadura militar, no Teatro de Arena (Av. Borges de Medeiros, 835 – Centro). Às 19h, ocorre uma mesa redonda intitulada “Ditaduras de segurança nacional: o sequestro de crianças”, com Camilo Celiberti e Edson Teles e mediação de Ananda Fernandes, no Memorial do RS (Rua Sete de Setembro, 1020 – Centro). No dia 31, quinta-feira, após apresentação musical com Raul Ellwanger, será realizada outra mesa redonda, sobre “Memórias da resistência no RS”, às 19h. O debate tem participação de Raul Pont, Sereno Chaise e Antenor Ferraro e mediação de César Augusto Guazzelli e Jefferson Fernandes e ocorre no Plenarinho da Assembleia Legislativa (Praça Mal. Deodoro, 101 – Centro). Encerrando a programação, na sexta-feira, acontece uma intervenção teatral com a Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz, às 18h, e, às 19h, o debate sobre “Memória, verdade e justiça: os direitos humanos e os deveres do Estado”. Com as presenças de Maria do Rosário, Suzana Lisbôa, Estela de Carlotto e Luis Puig, a mesa tem mediação de Enrique Padrós e inicia às 19h no Salão de Atos II da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110 – Centro). O evento tem entrada franca e não é necessário fazer inscrição antecipada.

Retirado de: http://www.ufrgs.br/ufrgs/

terça-feira, 22 de março de 2011

Afagos de Caio

Andando pela casa, sentindo os dias, o doméstico acumulado impossível.
Pensando nas palavras escritas, das saudades, do sentimento mundo de ser, de estar.
Dos que agora separados, de outros que não, ou os que tentam e fracassam. Da dificuldade de estar à espera, mesmo que sem objeto.

Um tanto de invenção, ligeira, um charme forçado e incapaz de descansar nas palavras.

Mas do que realmente me trouxe às teclas foi a saudade de uma crônica de Caio Fernando Abreu. Que catei no google, para não reescrever palavra por palavra. Crônica publicada no jornal O Estado de S. Paulo, no dia 08/07/1986. Que se encontra no livro Pequenas Epifanias, e que concentra, para mim, claro, o que Caio tinha de melhor,e que nome dar, para isso? Um amor pelo vivo, por aquilo que pulsa, que cintila, que obscurece, que marca. Pensando melhor, devo muito a Caio, principalmente por ele ter me apresentado à Hilda, mas esta já é outra história. Então, para fazer uma espécie de homenagem ao Caio e aos perecíveis de Neruda, e todos aqueles que, ainda [ ]:

EXTREMOS DA PAIXÃO

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo..."


Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.

No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira:compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe,berrando de pavor para o mundo insano,e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó.O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya,ilusão,passatempo.E exigimos o terno do perecível,loucos.

Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolosem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.

Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.

Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

(in Pequenas Epifanias)

domingo, 13 de março de 2011

Achados e Perdidos I

À procura de uma coisa, encontrei outra, um escrito me parece de 2009 e duas citações:

O amor vai se acabar esta tarde. E ela nem imagina que isso poderia acontecer. O amor vai se acabar esta tarde.
O amor vai acabar na praia de nome estapafúrdio e ninguém saberá jamais.
O amor vai se acabar esta tarde.
Com areia molhada e mais nenhuma promessa para Iemanja.
O amor vai se acabar nesta tarde, um anúncio do outono sobre sua própria
palavra.
O amor vai se acabar nesta tarde macia
pisando no acolchoado de folhas.
Já não é tarde e já não é cedo. O amor se acabou numa tarde.


"Tinha de permanecer ao lado de fora tal como o porteiro que deve deixar passar os eleitos. Portanto, sua relação com as letras era cheia de renúncia" (p.105)

"E a escrita se assemelha ao seu autor em que é um esconderijo incomparável de imagens. Um refúgio da história universal. Pois no autor moram, se alojam imagens, sabedorias, palavras, que sem ele - quem poderia dizer depois de tudo e de que modo se teriam firmado em nossos dias?" (p.205)

(Walter Benjamin, Rua de Mão Única. Obras escolhidas, V.2, Brasiliense, 1995)

sábado, 5 de março de 2011

Poema inacabado

Como bocas aéreas que se tocaram como lanças feridas de vento,
Como o pulso que me bate a cada breve ido já e novo.
Danço sobre tuas asas, na corda tocada, uma nota que ninguém ouviu, nem eu, cantando.
Deito os ouvidos na palavra esculpida, soa revoar acolchoar, cerzir camadas, vejo sobre, vejo, o denso, toco véus de onde não. Visto véus onde não.

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Júbilo

Porque todo fim é um começo
e as palvras do outro como
um Rosto.
Encaixo novos perigos, sem que se possa abrir mão
do morrer que há em todo viver.

Poetas que amei
antes e depois do sopro
que cabe nas palavras

Tuas, madrugada, quando o peso é leve.
Quando recupero
infância, sorrisos,travessuras de canto de olho e
o tremor do solo a cada passo.

Estremeço.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Exposição Panorâmica - Gasômetro

Estou participando nesta exposição coletiva,
fica até dia 13/03;

Minha primeira exposição de fotografia,

Uma das seis fotos que estou expondo lá.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

sábado, 5 de fevereiro de 2011

uma escrileitura: um elogio ao amor

A língua desconhecida (BARTHES)

"O sonho:conhecer uma língua estrangeira (estranha), e, contudo, não a compreender: perceber nela a diferença, sem que essa diferença seja jamais recuperada pela sociabilidade superficial da linguagem, comunicação ou vulgaridade; conhecer, refratadas positivamente numa nova língua, as impossibilidades da nossa; aprender a sistemática do inconcebível; desfazer nosso "real" sob o efeito de outros recortes, de outra sintaxe. Descobrir posições inéditas do sujeito na enunciação, deslocar sua topologia; numa palavra, descer ao intraduzível, sentir sua sacudida sem jamais amortecer, até que em nós todo o Ocidente se abale e se vacilem os direitos da língua paterna, aquela que nos vem de nossos pais e que nos torna por nossa vez, pais e proprietários de uma cultura que, precisamente a história transforma em "natureza".

(Rolland Barthes - O Império dos Signos, pp.9-10)

domingo, 23 de janeiro de 2011

Blanchot - O livro por vir

“desejo de dar a palavra ao tempo”

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Começo IV - Queda e abismo em Hilda Hilst

Você se desvia.
Sim. Estou o tempo todo perdendo os meios pelos quais tudo de fato começou. Não era o saber aonde chegar, mas saber, de fato, perder-se.(p.67)


Trecho da dissertação de mestrado;

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

EU MATEI MINHA MÃE

Entrou em cartaz em Porto Alegre

filme imperdível!!!

Instituto NT (15h50 - 22h30)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Trecho do projeto de dissertação Hilda Hilst - Utopia, Poéticas e Psicanálise

Começo VIII - Uma aprendizagem do neutro ou uma aprendizagem sobre o inesperado

ONDE VOCÊ ESTÁ? ONDE VOCÊ ESTÁ? ONDE VOCÊ ESTÁ?

(Onde você está em mim?)

Sentar-se a meia luz e divagar um instante sobre o que não nos alcança, no motor do adiante. Entrar um momento no não-nascido e enfrentar seu sólido mistério. Acontecer. O isso se acontecer em imagens paralelas.
Você se pergunta quando tudo isso vai acabar, quando ela vai partir de você?
Não, não, você já sabe.
Aliás, foi você quem a ensinou: não há um antes, nem um durante, nem sequer um depois... Você acredita nisso?
Sim, é convicto.
Você nem formula pensamento algum.
Ela não sabe nada de você.


(pp.170 - 171)

domingo, 9 de janeiro de 2011

Exposição no Gasômetro Coletiva - abertura 13 janeiro

Galeria dos Arcos inicia 2011 com Mostra Panoramica
A Coordenação de Cinema, Vídeo e Fotografia da Secretaria Municipal da Cultura de Porto Alegre inaugura em 13 de janeiro a exposição fotográfica II Panorâmica, na Galeria dos Arcos, localizada no andar térreo da Usina do Gasômetro. A exposição apresenta uma seleção de trabalhos em fotografia realizados por alunos do Instituto de Artes/UFRGS, Famecos-PUCRS e Unisinos.

No ano de 2009, a Galeria dos Arcos sediou uma primeira Panorâmica, com trabalhos de alunos da ESPM, Feevale e Fabico/UFRGS, buscando trazer a público a produção que estava sendo desenvolvida dentro das escolas de fotografia locais. A mostra ultrapassou expectativas, confirmando a diversidade e qualidade dos trabalhos desenvolvidos pelas três instituições.

Nesta segunda Panorâmica, novamente a diversidade está presente, no uso de múltiplas linguagens, desde o fotojornalismo e fotos voltadas à publicidade, até as pesquisas mais conceituais desenvolvidas no campo das artes.

O Instituto de Artes da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) apresenta trabalhos de 25 alunos, desenvolvidos sob orientação dos professores Luiz Eduardo Achutti e Eduardo Vieira da Cunha e mostra um recorte da produção em fotografia da instituição. O objetivo não é o de apresentar uma pesquisa confluente, ou formalmente harmônica. Ao contrário. Através das imagens selecionadas em uma curadoria realizada em conjunto com os autores, procurou-se apresentar um mosaico da pluralidade de projetos que envolvem a fotografia: o corpo (com todas as suas significações), a paisagem, o tempo, o retrato, o fluxo.


A Faculdade de Meios de Comunicação, Famecos-PUCRS, apresenta trabalhos desenvolvidos em dois territórios bastante distintos, o jornalismo e a publicidade. O jornalista e professor Elson Sempé Pedroso é responsável pela curadoria dos trabalhos de 10 alunos e três ex-alunos do curso de jornalismo (estes já no mercado de trabalho, atuando na imprensa local).

Os trabalhos apresentados pelo Curso de Publicidade e Propaganda têm curadoria dos professores André Giongo e Cristina Lima e nos levam ao universo das criações coletivas típicas da publicidade. Os trabalhos apresentados foram desenvolvidos com os alunos ao longo do semestre, e visam demonstrar a dinâmica de trabalho de um estúdio de fotografia publicitária, onde normalmente se recebe um layout que servirá de base para a produção de uma imagem final. Para tanto, os alunos recebem layouts e briefings de imagens que deverão ser produzidas, tal e qual acontece no mercado. Nesta exposição, são apresentados três trabalhos específicos onde os 84 alunos envolvidos puderam desenvolver e experimentar diferentes tipos de condutas de produção.

Já a Unisinos apresenta trabalhos produzidos a partir de atividades propostas em sala de aula, nas diferentes disciplinas de fotografia dos cursos de Comunicação da Unisinos e a exposição conta com organização e curadoria de Flávio Dutra e Tiago Coelho. Os participantes da mostra são alunos (e um recém formado) dos cursos de Jornalismo, Publicidade e Realização Audiovisual, orientados pelos(as) professores(as) Beatriz Sallet, Bruno Barreto, Flavio Dutra, Marcia Molina e Tiago Coelho.

http://galeriadosarcos.blogspot.com/

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Hilda Hilst e Zeca Baleiro, poesia musicada - Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé

Canção II (por Veronica Sabino)
http://www.youtube.com/watch?v=bcqMCuUXLy0&feature=related

Canção IX (Mônica Salmaso)
http://www.youtube.com/watch?v=0xkKcVtHJG4

Canção VI (Ná Ozetti)
http://www.youtube.com/watch?v=uRzN-B5U_nY&feature=related

Canção III (Maria Bethânia)
http://www.youtube.com/watch?v=GcCYiY8cGZg&feature=related

Canção V (Angêla Ro Ro)
http://www.youtube.com/watch?v=8fWgQK-h2Ew&feature=related

Canto IV de Ariana (Jussara Silveira)
http://www.youtube.com/watch?v=IGvBoTmdNt8&feature=related



A poesia sonora de Hilda Hilst no baleiro de Zeca *


Foi por iniciativa de Hilda Hilst (1930 -2004) que Zeca Baleiro se tornou parceiro da poeta paulista. Ao receber uma cópia do primeiro disco do compositor maranhense, Por Onde Andará Stephen Fry? (1997), enviada pelo próprio artista, Hilst ligou, propôs a parceria e mandou um disquete com sua obra poética.Foi no disquete que Baleiro descobriu o livro Júbilo Memória Noviciado da Paixão - escrito pela Hilda quando estava apaixonada platonicamente pelo Júlio de Mesquita Neto (vide as iniciais) - e decidiu musicar os versos do capítulo que dá título ao disco.

Depois de dois anos de trabalho, a gravadora de Zeca Baleiro, Saravá Disco, lançou o CD Ode Descontínua e Remota para Flauta e Oboé - De Ariana para Dionísio - com poemas de Hilda Hilst musicados pelo artista maranhense.

O disco, segundo Zeca Baleiro, começou a ser gravado em abril de 2003 e teve aval da escritora e a colaboração do violonista Swami Jr. nos arranjos de base. Para musicar os dez poemas, Baleiro buscou uma sonoridade que se encaixasse nos poemas já em essência muito musicais de Hilst. Instrumentos como harpa, oboé e fagote ajudaram a criar o clima. Para dar mais charme ainda ao disco, Baleiro contou com a adesão de dez cantoras para interpretar as canções. Pela ordem de entrada no CD, o time é formado por Rita Ribeiro, Verônica Sabino, Maria Bethânia, Jussara Silveira, Ângela Ro Ro, Ná Ozzetti, Zélia Duncan, Olívia Byington, Mônica Salmaso e Ângela Maria.

As intérpretes estão à vontade no despudorado universo poético de Hilst. O único deslize é de Ângela Maria, que, por conta de seu estilo naturalmente empostado, ficou meio deslocada. Mas no todo, o trabalho tem bom acabamento melódico, garantido pelo repertório de tom linear que assegura a uniformidade das canções ao mesmo tempo em que conta a história do amor impossível de Ariana e Dionísio. Um dos melhores momentos do disco é a Canção V, interpretada por Angela Ro Ro.

*(reportagem de Tacilda Aquino • Goiânia, GO, 5/2/2007 • 373 • 41
retirado de: http://www.overmundo.com.br/overblog/a-poesia-sonora-de-hilda-hilst-no-baleiro-de-zeca)

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Achado e roubado

"Não há clínica do sujeito sem clínica da civilização"
(Jacques-Alain Miller)

(http://www.naoseiquediga.blogspot.com/)

Para cada dia

Start para a civilização

sábado, 1 de janeiro de 2011

Um jeito de começar: Hilda Hilst, Amor (muito amor) e música

Hilda:

"Te ordenas. Eu deliquescida: amor, amor,

Antes do muro, antes da terra, devo

Devo gritar a minha palavra, uma encantada

Ilharga

Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar

Digo a mim mesma. Mas ao teu lado me
estendo

Imensa. De púrpura. De prata. De delicadeza."


(Deliqüescente: [do latim deliquescente] Adj.1. Sujeito a deliqüescência. 2. Fig. Que se desfaz; desagregado, decadente: moral deliqüescente; estilo deliqüescente.)

E música da Feist que lembrei e deu muita vontade de ouvir:
http://www.youtube.com/watch?v=cYF0qU5WSew

Feliz 2011 a todos!!! Com novos começos!!!