sábado, 5 de fevereiro de 2011

uma escrileitura: um elogio ao amor

A língua desconhecida (BARTHES)

"O sonho:conhecer uma língua estrangeira (estranha), e, contudo, não a compreender: perceber nela a diferença, sem que essa diferença seja jamais recuperada pela sociabilidade superficial da linguagem, comunicação ou vulgaridade; conhecer, refratadas positivamente numa nova língua, as impossibilidades da nossa; aprender a sistemática do inconcebível; desfazer nosso "real" sob o efeito de outros recortes, de outra sintaxe. Descobrir posições inéditas do sujeito na enunciação, deslocar sua topologia; numa palavra, descer ao intraduzível, sentir sua sacudida sem jamais amortecer, até que em nós todo o Ocidente se abale e se vacilem os direitos da língua paterna, aquela que nos vem de nossos pais e que nos torna por nossa vez, pais e proprietários de uma cultura que, precisamente a história transforma em "natureza".

(Rolland Barthes - O Império dos Signos, pp.9-10)

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