domingo, 14 de agosto de 2011

SOBREPOSIÇÃO


SardElas eram pequeninas e moravam todas juntas debaixo de um arco-íris. Era preciso olhar atento para percebê-las. Quando as vi pela primeira vez elas sorriram um pouco tímidas, e depois uma a uma me fizeram cócegas. Elas também gostavam de música, tanto, que enfeitaram o inverno com cores que não lhe pareciam próprio. SardElas eram preciosas e raras e padeciam apenas de pouca duração.
Sofri pela beleza que elas guardavam, no seu tempo em negativo, que imprimiram depois, quando me lembrava delas.
SardElas se deram as mãos para partirem todas juntas. Não gostavam de despedidas, então fizeram de conta que estavam embarcando num navio, depois de um único beijo. Quando olhei para vê-las por uma última vez elas já não estavam mais lá.


Do silêncio III
Fecha os olhos: ainda (ela) está lá, por baixo do branco, as sardas. Foram elas. Foram delas. Elas sabiam mudas, adormecidas.


p.s: pequena contaminação do livro “As mãos” do poeta, e crítico literário Manoel Ricardo de Lima: “...formavam lentas uma harmonia de cores que não via, mas sabia, firme, estava ali, nEla, nas palavras dEla, ditas pra mim.”(2003, Rio de Janeiro: 7Letras, p.36)

Um comentário:

  1. Lindo, Déia! e as SardElas sempre estiveram contigo, elas não vão embora.

    beijão, te amo!

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