quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Daqui de dentro
a luz entrava
vestígios
Diz
Só assim pude entender
eu sei porque.
Não vá deixar

No matter what you're say
You can’t come anywhere near me
You’re not coming anywhere near me
Well I’m saying don’t look anywhere near me


But you’re not coming anywhere near me anyway

segunda-feira, 23 de julho de 2018

SOBREPOSIÇÕES

Sobre maio, dez anos depois

[Senti o mar na pele dele.
Toquei nas ondas e na imensidão
salgada.
Três anos de lágrimas]


Não sei se posso tocar nas cicatrizes que guardei.

É preciso um mar inteiro de lágrimas
de um amor que já
###############


Fim de julho, 5 meses depois de um assassinato.
                         [os cúmplices estão todos soltos]

Sonho com restos de
maldadade
Com pedaços de horror/fragmentos
Poeira de crueldade
No fundo da catástrofe
me lembro do seu rosto.
De alguma lembrança borrada
e não consigo mais chorar.
Embora alguma coisa tão
ínfima e desfigurada
Reste no fundo de um
copo sem fundo.
São coisas que não se atravessam. São
as letras do seu nome que ainda restam
dentro do meu.
A violência sem medidas
que deixei morrer
e que abandonei.





sexta-feira, 13 de abril de 2018

segunda-feira, 2 de abril de 2018

Herança de poeta

Conscerto do desejo - Matheus e Maria Cecília Nachtergaele

"São gestos de poeira,
andar de poeta que anda muito desajeitadamente

O mais urgente
      (...)
O mais urgente.
Talvez tristeza,
Talvez choro

Bem aventurados são os ursos

Amar
Amar bastante
Sofrer muito
Ser triste

A tragédia nos acompanha: morreremos.



          Desse jeito você sempre vai ser só. Não seja assim.
          Tente não ser assim. Em você não há busca. Assim não pode ser feliz.
          Não é por minha causa que eu digo. Eu confesso, também em mim a procura
          acabou. Mas por você, pela felicidade de você, pela ternura. Esse verso vai ficar
          piegas e comprido mas não faz mal, não se você entender que essa minha angústia
          é por você. Independentemente, por você.
         As pessoas, veja as pessoas como elas são. Eu não acredito que elas precisam tanto
         de você quanto você precisa delas. E vai ficando tarde, é uma questão de defesa,
         não saia por aí assim, por favor, não saia por aí assim tão seguro de si, dispondo
         apenas de uma saudade apaziguada para cada grande tristeza que deveria sentir.
        Não seja mais assim, desculpa eu repetir. Ou não vão querer você. E desculpe
         também por ter falado tanto. Sei que é bobagem minha, mas eu amo você."

                                                                   (Matheus e Maria Cecília Nachtergaele)

sexta-feira, 16 de março de 2018

Meu Sangue

[Sei que estou na idade de obedecê-la, de ir atrás de sua voz que atravessa desde a folha gelada no trigal até o bico da ave que nunca soube pousar na terra e aguarda que um dia os céus se façam quartzo para enfim deter-se num único instante [...] enquanto me humilha, me exalta, me inunda, me exaspera, me seca, me abandona, me faz correr de novo, e não sei como chamá-la de outro modo: meu sangue.]
                                   
(trecho poema de Rafael Alberti, que inspirou a tela de Leon Ferrari)


                                                      (Leon Ferrari, Sem título [Sermón de la sangue],  1962)

segunda-feira, 12 de março de 2018

O sem-sentido apelo do não

FIZ DE MIM O QUE NÃO PUDE. Sonhei: Um - Pulei

de paraquedas do alto do avião. O paraquedas não abriu,
                                                                          e eu morri. Dois: um corpo deformado, formas disformes, um borramento narcísico. Não há três. Procura-se agulhas para desarmar bombas: nada pode o ouvido contra o sem-sentido apelo do nãoAs coisas tangíveis tornam-se insensíveis a palma da mão; Despedir-se. Não ter mais lugar, nem espaço. Compressão do pulmão, dos pulsos, da pele, de um sonho, o fim de um espaço-tempo.Viver num tempo onde o amor perdeu para a banalidade dos corpos. Tentar ser forte agora, que é chegada a nossa hora.Tentar ser forte agora, que é chegada a nossa hora.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Quando havia esperança

O que há no meu peito é um infinito. Miríade de poeira estelar, grãos luminosos, galáxias inteiras. Um cosmos em combustão. Órbitas seguras pretas, dois sóis amendoados dos olhos dele. Sou esse espaço e essa duração, e guardo a possibilidade de me expandir. Colher os grãos de infinito. Inventar o tempo e o espaço. Desassossego. Tudo se move, tudo em movimento.                                                                                                                                                                                                 13/02/2018                                                                                                                         
Desassossego
Tudo se move, tudo em movimento.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Poema inacabado

                    [Para André]

Ontemhoje
Atravessei e
colhi um broto de algodão
no escuro.
Desenhei no espaço
a tua duração:
são infinitos os
pontos onde a alegria
inventa e grafa
um macio na pele.
Flutuo terrena e 
inverto a gravidade:
os sonhos não pesam.
É o grão dos olhos
e a umidade da voz
que ensaia dizer.
Talvez seja isso que
tocamos no escuro.