domingo, 19 de julho de 2015
sexta-feira, 17 de julho de 2015
Espelho nº 4
Foi um susto grande o dele, e fez algo bestial urrar para
fora como uma rainha louca em perigo. Foi um susto grande o dele e fez de
bestial e louco, uma rainha que corria às pressas, pregou peças e a manga da
camisa desabotoada. Foi um susto grande e uma vontade louca de correr para fora
ou para longe de todas as cenas que nunca viveriam juntos. Berrou que ela era
tudo, menos obs-cena, e rasgou as
folhas, e colocou na boca, e mastigou, mastigou e cuspiu a gosma branca e a baba.
Feito demência ou feito um susto, grande que escorreu pela sala e depois pela
manga da camisa, desabotoou as calças e pensou que era tarde demais para eles,
para tudo deles. Que já não era nada. Bem menos. Foi um susto grande que
adquiriu a profunda certeza da incompreensão. Um susto tão grande aquele, e
derreteu a mucosa pelo avesso, sorria triunfante de toda verborrágica louca da
rainha, que corria corria para fora da cena. Urrava ainda, e afinal, olhou bem
dentro da pupila dela e gritou: covardia!!!! menos que isso, é um animal atado,
é a sensação de não pertencer nem aqui e nem lá. Verborrágico, bateu e gritou e
derrubou a mesa, plantas, cadeira, e babava colérico eu olhava e não encontrava
nada. Colérico, me olhou dentro do mais profundo da pele e do olho e disse que
tinha nojo, nojo nojo de animais domesticados. Que os meus gatos que fossem
pardos ou cinza, malhados, mas ainda tudo em mim era insuficiência e o dinheiro
sujo que ele enche os bolsos preencheriam um cu qualquer na rua, sem precisar
marcar hora. Dez vinte trinta cus pelas esquinas de qualquer centro de qualquer
cidade.
(maio, 2015)
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