segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Variações

Estava pensando sobre a obscenidade de escrever qualquer coisa em meio a essas notícias terríveis sobre a catástrofe no Haiti e já me sentindo estranha por ter escrito já, qualquer outra coisa.
Mas acabo de assistir o programa Roda Viva onde o entrevistado foi o escritor israelense David Grossman e quase não tenho as palavras para dizer da genealidade e da simplicidade das coisas que ele disse.
E da capacidade humana, do esforço de habitar o mais cruel dos paradoxos que é viver em um país em guerra e buscar no humano um modo possível de viver a complexidade dos extremos.
Do que me ocorre agora,do que me marcou da sua fala foi a relação dele com a literatura,que ele não sai mais forte depois de ter escrito um livro, e sim, mais despedaçado (não foi essa palavra que ele usou, mas) mais frágil, e que sua tentativa é explorar em si, é desconcertar-se, é sair de fato, mais desacomodado do que antes.
Acabo de me apaixonar. Um escritor que sequer eu sabia da existência.
E embora não faria diferença no meu já estado de arrebatamento, ele também foi tocado pela Clarice Lispector.

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