Poderia ser o andar mais alto de um prédio.
Poderia ser um dos bilhetes de loteria que não foi sorteado.
Poderia ser uma rua que não existe.
Poderia ser ainda a variação de um tom de lilás que ninguém percebeu
na paleta de Florbela Espanca.
Poderia ser o número da flor de papel que a cunhada obsessiva
de J. terminou de dobrar antes de ir dormir, depois de uma noite insone, numa
manhã de outono.
Poderia ser o suspiro que queimou na fornada e foi descartado.
Poderia ser a linha de um romance comercial que descreve
relações entre humanos e gatos em ambientes domésticos.
Poderia ser o vidro consertado do vidraceiro no seu terceiro
ano de trabalho.
Poderia ser a duplicação de degraus de uma cratera em Honolulu
ou numa escadaria em Huairou.
Poderia ser a gota após 20 segundos do começo da chuva em um
chão de terra vermelha ferrosa.
Poderia ser quatro vezes o tempo que levou para descobrirem
que as plantas desenvolveram mecanismos para absorver menos carbono, pois
estavam “passando mal” por conta da alta exposição ao mesmo.
Poderia ser o número de aplausos após uma palestra de
Psicologia Cósmica em Porto Alegre no ano de 1982, chamada A revolução silenciosa, mas também poderia ser o número de aplausos
de Gorbatchev, em uma página de Dossiê Moscou, publicado no ano de 2004.
Poderia ser o enunciado de um problema de matemática para
calcular o montante do juro simples que em meio a um asterisco calcula-se a taxa
e o capital, junto ao tempo e/ou período de aplicação.
Poderia ser o número de peças encomendadas por uma empresa a
uma oficina no Bairro de Bom Retiro em São Paulo que se utilizava de trabalho
escravo – bolivianos, submetidos a jornadas
exaustivas, à servidão por dívida, e a
condições de trabalho degradantes.
Poderia ser o número de matérias-primas utilizadas por uma
indústria para produzir sabores naturais e sintéticos, autorizados por
legislações internacionais que regulam o setor de alimentos. Demoram, em média, 40 dias para desenvolverem o aroma.
Poderia ser o número de mortos em 16 povoados na Nigéria, num ataque de um grupo extremista islâmico em janeiro de 2015.
Poderia ser o número de mortos em 16 povoados na Nigéria, num ataque de um grupo extremista islâmico em janeiro de 2015.