Fui ler antigos e guardados, hoje longe, soa bonito, se chama
Fevereiro, 17
Eu que já pedi chorando para que não me deixasse. Eu que já chorei sozinho tantas vezes. Perdido na incompreensão da falta. A falta da infância tão dolorosa e tão simples de ser suprida, se.
Eu que nesta hora te abandono. Eu que nesta hora me desperto para o segredo de uma distância íntima, em que atravesso águas e pedras, mas sempre sozinho, sempre, num lugar onde amor congela e as paixões sobrevoam em precipitais tormentas nebulosas. Paixões com gosto de inefável e impossível porto. Paixões cegas e com referências brancas, que nunca serão preenchidas de continuum, porque o amor, tristonho, me arremeda para lugares longes de um solo, longe de qualquer ancoradouro.
Eu diria que estou cansado e que não posso mais continuar, mas não é verdade. Sinto uma tristeza tristíssima e me penso, assim, atordoado entre resoluções próprias e fins.
Eu diria que o amor é um engodo, lugar de não estar. Diria que o amor é o que eu não conheci, e errando sempre, repudio a possibilidade de habitá-lo.
Estranha conjunção esta de abolir o vínculo que me tornaria dois.
Estranho o choro que me encontro. Quando sou eu que decido por este fim.
escrito em 17 de fevereiro de 2009, desejo de escritura misturado com esta escrita de diário, e nem uma coisa e nem outra. Um dia chego lá, onde "A poesia não comunica" Ana Cristina César, em:
http://radiobatuta.com.br/Episodes/view/482
Nenhum comentário:
Postar um comentário