domingo, 29 de setembro de 2013
Para Hilda com amor
Releio antigos e tudo se torna papel passado na palma das mãos. Ele vai esquecer de você? Não, nunca. Nunca mais. Você vai ser sempre algo bonito para ele guardar. E agora Josefa, coisa fina a lembrança de algo como quase um amor. As coisas se vão. Viram coisas idas e irremediavelmente perdidas. Caio sabia há muito destas coisas que se vão e já não voltam mais. E os segredos? Serão guardados a sete chaves e depois abertos, descobertos por pessoas que serão relíquias de uma humanidade que passou.
Sabe Josefa, fina, a vida passou muitas vezes e vai se passar de louca e tresloucada, vai te derrubar menina, vai te jogar por ai, vai te derrubar com força. E você não vai cansar de se perguntar tantas vezes: mas e agora Josefa, que faremos nós duas, aqui no meio da vida, esfoladas na pedra que sempre calha de nos esfolar?
E agora filhinha, osefa fina farofa de fé nenhuma? E agora Josefa? Vamos para bandalheira! fina, livres fracassadas. Para onde? Josefa?
Mas o poeta não tinha morrido? Ah esse morreu mesmo, coitado. De morte morrida ou de morte matada. Não importa, ta morto mesmo. Mortinho da silva. Quem falou foi Severina, digo, Josefa, a fina. Essa sim, sabia das coisas. Ficou amiga duma velhinha desbocada, deu nisso: ficou sabida.
Josefa, a fina, nasceu no brejo. Brejeira. Filha de velhinha desbocada e crente de poesia. Dá nisso: farofa, marofo, amorfa. Gostava de cavar buracos em qualquer superfície, para ver se fazia furo, para ver se tinha outro lado. As vezes por pura falta de imaginação, por força do hábito. Devia ser coisa que ta no sangue, ou no mangue. Vinda de brejo, de lugar nenhum, vaziuzinho que nem pocilga. E dá poesia? Dá nada não. O poeta morreu coitado. Mas talvez a poesia não. Dá só rima ruim e frase desfeita. E o poema? Hein? O poema moça? Nunca vi não. É alto? É bonito? Talvez seja assombração.
Devota da Santa Coisa em terra de bananeiras, araucárias e pedrinhas soltas. Estrangeiriça, meio topera de unhas enormes que fuçam na terra e meio lombriga, dada as coisas de dentro. Boca devoradora onívora, ou regurgitofargia, coisa braba. Casca grossa, lombriguenta, verminosa, leguminosa. Da roça.
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A única regurgitofargia do google.
ResponderExcluirfato. merci. acho que o equívoco pertence ao poema agora. meio torto.
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